sábado, 25 de agosto de 2012

Síndrome de Charles Bonnet


Portal para uma realidade paralela.




           A síndrome de Charles Bonnet (SCB) foi descrita em 1760 por Charles Bonnet, naturalista e filósofo suíço, a partir de alucinações apresentadas pelo avô do próprio autor, que obteve visões de homens, mulheres, pássaros e construções que mudavam de forma, tamanho e lugar, sendo um tanto confusa, demonstrando ao próprio paciente que estas visões não eram "reais". Esta síndrome é caracterizada por alucinações visuais complexas isoladas, cujos pacientes (geralmente idosos) não possuem distúrbios cognitivos ou psiquiátricos, no entanto, são acometidos de alguma alteração visual, e estes têm consciência da natureza irreal destes fenômenos.

Pouco se conhece sobre a fisiopatologia da SCB, alguns estudos revelam que tais alucinações representam um fenômeno de liberação, secundário as conexões normais de áreas de associação do córtex visual, promovendo o surgimento de “visões fantasma”. Outros estudos trazem que as alucinações tratam-se do resultado de estímulo neural contínuo no sistema visual motivado por déficit ocular na idade avançada (degeneração macular, glaucoma, catarata etc.). A baixa qualidade de contato social expressada por solidão, introspecção, timidez e isolamento, tornam indicadores de risco em indivíduos idosos e com redução da acuidade visual, também é considerada.

Há um aumento progressivo dessa síndrome de acordo com a idade, a maioria dos casos relatados são de pacientes com uma uma maior incidência entre 70 e 93 anos. As alucinoses consistem de imagens organizadas, bem definidas e nítidas, as quais os pacientes relatam que não têm controle nenhum sobre elas. De forma colorida, viva e animada, porém sem nem uma espécie de som, surgem as aparições, que podem ser contínuas ou surgir esporadicamente várias vezes ao dia. Os pacientes que possuem essas condições geralmente reconhecem a não realidade de suas experiências visuais, que em grande parte são prazerosas com pouco impacto na qualidade do seu bem estar, no entanto, estudos apontam que estas condições também podem causar estresse nesses pacientes por algo irreal que eles estão vendo e/ou presenciando. 

Não há conhecimento atual de tratamento farmacológico universalmente efetivo, porém drogas como anticonvulsivantes podem reduzir ou extinguir as alucinações visuais em alguns casos, dependendo da gravidade destes. Deixar claro para o paciente e seus familiares que as alucinações são benignas e que não há doença psiquiátrica subjacente possuem um enorme efeito terapêutico e necessita-se de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo neurologistas e psiquiatras para um diagnóstico mais efetivo.

Divulgação:

Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional - COBRAFIN