Neurociências da violência
Quais os principais aspectos da violência e sua
relação com o sistema nervoso central? Os autores Monika Lück e Daniel
Strüber colaboradores da liga Hanseática de Cientistas em Delmenhorst, Bremen
(Alemanha) e Gehard Roth professor coordenador do instituto de estudos do
cérebro da Universidade de Bremen publicaram um artigo que trata das raízes psicobiológicas
da violência física. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o
comportamento violento das pessoas não possui causa única (tendência inata,
patologia, ambiente desfavorável ou experiências dolorosas), e sim, a
combinação de fatores de risco que reforçam e se influenciam
mutuamente.
O perfil dos homens que revelam logo cedo tendência
violenta mostra baixa tolerância à frustração, dificuldade em aprender regras
sociais, problemas de concentração, capacidade reduzida de compreensão dos
sentimentos das outras pessoas e inteligência defasada. No entanto o que mais
chama atenção é a falta de contenção psíquica, que os faz passar do sentimento
ao ato quase de se defender. Posteriormente, muitas vezes mostram
arrependimento.
A impulsividade de criminosos violentos crônicos
parece ter como base uma predisposição cerebral. Anátomo-fisiologicamente,
quando comparado a indivíduos normais, o cérebro de criminosos possuem
alterações fisiológicas no córtex pré-frontal e no sistema límbico. Efeitos
inibitórios sobre partes do sistema límbico provém de vias hipotalâmicas e
também do complexo amigdalóide. Acredita-se que pessoas violentas possuem uma
desrregulação entre o córtex cerebral e o sistema límbico propriamente dito.
Contudo, quando o cérebro é originalmente afetado,
desde nascença ou acometido por tumores numa fase bem precoce de vida
(primeiros anos), com posterior remoção desse córtex, crianças com tumores
cerebrais apresentavam distúrbios de comportamento anos mais tarde: problemas
na escola, dificuldade de motivação, timidez, em algumas circunstâncias
mostravam agressividade.
Os pesquisadores também avaliaram situações
onde não havia a presença de crimes cometidos por impulso, por crises
emocionais, mas sim crimes planejados, pensados com grande antecedência. Nestes
casos, onde há um planejamento do ato agressivo, a hipótese do cérebro frontal
não faz sentido, mais do que isso, o cérebro destes indivíduos parece funcionar
normalmente, no entanto, esses comportamentos possivelmente mostrem relações
com alterações dos circuitos neuronais envolvidos com a recompensa, e mesmo
diretamente com o complexo amigdalóide. Indivíduos submetidos a agressões
na infância também mostram alterações na via da recompensa bem como níveis de
serotonina baixos.
Estas considerações
interferem na questão: “até que ponto podemos responsabilizar alguém por seus
atos agressivos?”
Retirado do site, www.sistemanervoso.com