quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em Junho de 2011: II Encontro Nordestino de Neurociência

Campina Grande, mais uma vez, sediará o II Encontro Nordestino de Neurociências, que ocorrerá em junho de 2011. Em breve maiores informações.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

VALE A PENA DIVULGAR: 29 DE OUTUBRO - DIA MUNDIAL DO AVE

A cada seis segundos, independentemente da idade ou gênero, alguém em algum lugar morre de um Acidente Vascular Encefálico (AVE). A World Stroke Organization (WSO) está pedindo medidas urgentes para enfrentar a epidemia silenciosa, lançando a campanha One in Six (Um em cada seis) no Dia Mundial do AVE 29 de Outubro.

O objetivo da campanha é colocar a luta contra o AVE como tema central da agenda global de saúde. O tema "Um em cada seis" foi escolhido pelos líderes da WSO para destacar o fato de que hoje, um em cada seis pessoas no mundo inteiro terá um AVE durante a sua vida. Todos estão em risco e a situação pode piorar com a complacência e a inércia.

A campanha "Um em cada seis" comemora não apenas o fato de que o AVE pode ser prevenido, mas que os sobreviventes de AVE podem recuperar-se manter sua qualidade de vida com o atendimento e tratamento correto e com o suporte adequado a longo prazo. A campanha dos próximos dois anos tem o objetivo de reduzir o impacto do AVE agindo em seis desafios básicos:

1. Conheça os seus próprios fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto;
2. Seja fisicamente ativo e exercite-se regularmente;
3. Evite a obesidade, mantendo uma dieta saudável;
4. Limite o consumo de álcool;
5. Evite o fumo do cigarro. Se você fuma, procure ajuda para parar agora;
6. Aprenda a reconhecer os sinais de alerta de um AVE.

Divulgue essa idéia e colabore com a campanha!!!

Por Renan Guedes

sábado, 16 de outubro de 2010

UM POUCO MAIS SOBRE LISENCEFALIA

A Lisencefalia é uma malformação que se caracteriza por agiria e paquigiria cortical em porções do córtex cerebral, causada por um defeito de migração neuronal durante o desenvolvimento embrionário.

Pode-se apresentar de duas formas: Síndrome de Miller-Dieker (MDS) ou Seqüência de Lisencefalia Isolada (ILS). A MDS apresenta, além da lisencefalia, anomalias craniofaciais e outras malformações congênitas associadas, e quase 100% dos pacientes possuem deleção do gene LIS1. Já a ILS apresenta apenas a malformação cortical e pode estar associada com alterações no gene LIS1 ou no gene DCX. Além da etiologia genética, a lisencefalia pode ter causas ambientais, como infecções intrauterinas, radiações ionizantes ou uso de substâncias tóxicas durante a gravidez. Os sintomas do transtorno podem incluir um aspecto facial incomum, dificuldade para engolir, atraso mental e atraso psicomotor severo. Também podem ocorrer anomalias nas mãos, nos dedos das mãos e dos pés, espasmos musculares e convulsões.

O diagnóstico pode-se confirmar por ultrassonografia, por tomografia computadorizada ou por ressonância magnética. O prognóstico varia dependendo do grau de malformação do cérebro. Muitos pacientes não mostram nenhum desenvolvimento significativo para além da idade de 3 a 5 meses, a maioria vai a óbito antes dos 2 anos idade, sendo os problemas respiratórios a causa de morte mais comun.

O vídeo abaixo, através do relato de um caso, ajuda a entender melhor essa patologia.




Apesar do prognóstico nada favorável que a patologia possui, lembro das sábias palavras de Séneca:

"... cada dia é, por si só, uma vida."

Por Renan Guedes

domingo, 29 de agosto de 2010

EQVE- AVE




Quando se considera o destacado envelhecimento populacional percebe-se que o número de pessoas com doenças e incapacidades crônicas têm aumentado, de forma que gera repercussões sociais e previdenciárias. Entre estas condições crônicas de saúde o AVE é o evento mais incapacitante e que impacta quase todas as funções humanas.
Após um AVE segue-se o programa de reabilitação, este influenciado pelo nível de incapacidade presente no indivíduo e determinante de sua qualidade de vida, conceito que ainda não apresenta um consenso na literatura, mas que envolve termos como "condições de saúde" e "funcionamento social". O que favorece o surgimento de uma concepção de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), este, um constructo multidimensional que reflete a percepção do impacto da doença e do tratamento para o paciente, a partir de um ponto de vista biopsicosocial, já que, mensurações físicas 'importam aos clínicos mas são limitadas para os pacientes'.
Desta forma se postula que instrumento que objetivem mensurar a QVRS deve apresentar domínios relacionados à doença, ter características de administração apropriadas aos pacientes e ser viável e confiável. Devem incluir questões que avaliem, além do impacto geral da doença para o indivíduo, questões relacionadas à funcionalidade e incapacidades. É importante considerar a presença de isolamento social e sintomas depressivos no paciente, a fim de incluir medidas de participação. Sabe-se que a doença se manifesta diferentemente em cada pessoa, sendo fundamental entender conceitualmente o que ela significa para o paciente.
A validade de uma escala que proponha mensurar a QV diz respeito a medir aquilo que se propõe medir, sua confiabilidade relaciona-se a alcançar resultados semelhantes independentemente do examinador, a responsividade reflete a capacidade de a escala detectar pequenas e grandes mudanças e sua interpretabilidade refere-se ao fato de que um determinado escora represente um estado definido na escala.
Diante de todos estes fatos foi adaptada a Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE.

Em sua dissertação de mestrado em Ciências da Reabilitação, na qual correlaciona a EQVE-AVE com a CIF, Gomes Neto (2007) descreve a EQVE-AVE da seguinte forma:

"A escala tem 12 domínios (energia, papel familiar, linguagem, mobilidade, humor, personalidade, auto-cuidado, papel social, raciocínio, função de membro superior, visão e trabalho/produtividade) elaborados a partir de entrevistas com indivíduos hemiplégicos que identificaram áreas comuns afetadas pelo AVE. (...) Ao todo, os 49 itens são distribuídos dentro destes 12 domínios. Três possibilidades de repostas foram desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco: (1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, variando de concorda fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa, variando de incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda necessária para realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda necessária. (...) O ponto de referência para resposta de todos os itens se refere à semana anterior. O ponto de referência para todos os itens se refere à semana anterior. (...) Se aplicada em uma população mais deficiente do ponto de vista funcional, talvez pudesse ser observada uma melhor distribuição dos indivíduos, cobrindo os níveis inferiores da escala."

E conclui que, a EQVE-AVE é um instrumento de mensuração da QVRS clinicamente útil por cobrir domínios comumente afetados pela entidade clínica em si e outros relacionados aos componentes de função corporal, atividade e participação, além dos fatores ambientais cobertos pela CIF e que são fundamentais na identificação do impacto do AVE na vida dos pacientes. Ele observou adequada estabilidade dos itens e indivíduos, além da apropriada distribuição dos itens, difíceis e fáceis. Porém, no seu estudo, ele adverte que se deve ter cuidado na aplicação e interpretação dos itens verificados como erráticos da escala, de forma a comprometer a validade do constructo.


por Aryostennes Miquéias


REFERÊNCIA: GOMES NETO, MANSUETO. Aplicação da Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) em Hemiplégicos Agudos: Propriedades Psicométricas e sua Correlação com a Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde. 2007. 77f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitaão) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo horizonte. 2007.



Link para download da EQVE-AVE

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Os neurônios se transformam!



Esta frase, título do capítulo 5 do livro de Robert Lent - Cem Bilhões de Neurônios, expressa um fato muito estudado e questionado, o de as células do sistema nervoso serem dotadas de uma plasticidade, que se declina com o desenvolvimento, mas não se extingue, de forma a exibir ainda a capacidade de se reorganizar em resposta a estímulos ambientais. Os animais recém-nascidos estão submetidos à plasticidade axônica ontogenética, uma vez que seus axônios se desenvolvem sob controle e influência do ambiente. Durante a fase de remodelação dos axônios, ocorrida normalmente durante o desenvolvimento, ocorrem mecanismos progressivos e regressivos que participam na programação dos circuitos neuronais. Determinadas habilidades e comportamentos se estabelecem a partir de experiências interativas com outros da mesma espécie e em períodos ditos críticos, nos quais a remodelação neuronal acontece mais dinamicamente . A espinha dendrítica é tida como a sede estrutural da plasticidade sináptica. A capacidade de adaptação do SN, especialmente a dos neurônios, às mudanças nas condições ambientais ocorrentes no dia-a-dia dos indivíduos, chama-se neuroplasticidade, seu grau varia com a idade e tem valor compensatório. As transformações neuronais nem sempre restauram funções perdidas, às vezes produzem funções mal-adaptativas ou patológicas.

Convenciona-se que não há possibilidade de reposição numérica espontânea de uma população neuronal e, apesar de se postular atualmente, a hipótese de que o microambiente do sistema nervoso seja desfavorável ao crescimento regenerativo, verifica-se a formação de sinapses funcionais que interferem diretamente no desempenho do SN, adaptando o organismo a condições externas. Em lesões do corpo celular, as células provavelmente morrerão, mas as com apenas prolongamentos danificados podem regenerar-se. Os axônios lesados facilmente encontrarão os alvos se a lesão tiver ocorrido próximo a eles. Quando a lesão é distante do alvo, sem interrupção completa, a estrutura degenerada do coto distal fornece um arcabouço para o crescimento. Em lesões nervosas completas e distantes dos alvos a regeneração se frustra.

Na vida adulta vigora o dogma da neurobiologia de que os neurônios não proliferam, porém, Ramachandram, estudando a sensibilidade de membros fantasmas, verificou a existência de uma plasticidade axônica nos adultos, ao observar que, em algum ponto do sistema somestésico do amputado os axônios que estariam normalmente representando uma área estenderam-se a regiões de representação da extremidade amputada; processo ocorrido provavelmente pelo brotamento lateral. Outra hipótese seria o aparecimento de circuitos axônicos silenciosos. A transmissão de mensagens entre os neurônios é um fenômeno regulado pelas circunstâncias, a plasticidade sináptica se dá pelos processos de: habituação, pelo qual a resposta reflexa reduz com a repetição do estímulo; sensibilização, que se refere ao aumento da resposta quando precedida por um sinal de aviso; e condicionamento clássico, que corresponde à aprendizagem a um único estímulo de forma a reduzir ou facilitar a transmissão sináptica, todos estes diretamente relacionados á aprendizagem.

Diz-se que no sistema nervoso central a regeneração é bloqueada pelas células da glia, estas sintetizam proteínas com efeito inibitório do crescimento axônico, por isso se entende que lesões do SNC provocam a morte da maioria dos neurônios atingidos. Estudos mostraram que a adição de laminina a quase totalidade de neurônios motores se regeneraram, mas apenas metade dos sensitivos sobreviveu e regenerou. A plasticidade dendrítica parece depender de um plano geral codificado no genoma do neurônio característico deste. Nos adultos a plasticidade dendrítica estrutural se restringe às espinhas, estas são regiões fundamentais para o estabelecimento e a consolidação da memória. A plasticidade somática é entendida como a possibilidade de alteração da capacidade proliferativa ou da morte de uma população neuronal em resposta a interferência do meio exterior.

A função da atividade proliferativa residual do SNC permanece desconhecida, mas a comprovação de sua existência abre a possibilidade de se estudar evidências de algumas populações neuronais dotadas dela, as células-tronco. A neuroplasticidade nem sempre leva a restauração funcional, ao contrário, pode levar a resultados mal-adaptativos e danosos ao indivíduo. Benefícios compensatórios da plasticidade são: ativação de circuitos silenciosos, estabelecimento de conexões transitórias, brotamento lateral de axônios vizinhos às regiões lesadas ou inativas, além de diferentes combinações destas possibilidades.

Portanto, entende-se que o argumento primordial para se explicar os efeitos, muito bem conhecidos, da fisioterapia neurofuncional, é o conhecimento desta capacidade do sistema nervoso. Ser cônscio de que a habilidade de reprogramação dos circuitos neuronais será a responsável pela recuperação do indivíduo, cabe então ao terapeuta a segurança em oferecer o estímulo externo adequado, para que a neuroplasticidade se efetue da maneira correta, de forma a impedir o que Lent expressa como “os efeitos maléficos da plasticidade neural”.


Por Aryostennes Miquéias

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

AGENESIA DE CORPO CALOSO



Antes de tudo, voltemos ao saudoso Ângelo Machado para lembrar que o Carpo Caloso (figura) é uma estrutura do cérebro localizada na fissura longitudinal que conecta os hemisférios cerebrais, sendo formado por cerca de 250 milhões de projeções axonais mielínicas que cruzam o plano sagital e penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro. Em corte sagital do cérebro, podemos identificar as divisões do corpo caloso: uma lâmina branca arqueada dorsalmente, o tronco do corpo caloso, que se dilata posteriormente no esplênio do corpo caloso e se flete anteriormente em direção a base do cérebro para constituir o joelho do corpo caloso. Este se afina para formar o rostro do corpo caloso, que continua em uma fina lâmina, a lâmina rostral até a comissura anterior. Entre a comissura anterior e o quiasma óptico encontra-se a lâmina terminal, delgada lâmina de substância branca que também une os hemisférios e constitui o limite anterior do III ventrículo.

Agenesia de Corpo Caloso (ACC) é uma má formação congênita que se caracteriza pela ausência do corpo caloso, com o aumento significativo dos cornos occipitais. A ACC pode ser classificada em: agenesia total de corpo caloso, caracterizada pela total ausência do corpo caloso, agenesia parcial ou hipogenesia, na qual o corpo caloso apresenta encurtamento em graus variados ou desenvolvimento incompleto, e hipoplasia, nesse caso o corpo caloso está completamente formado, mas apresenta redução em seu tamanho.

A ACC, embora assintomática na maioria dos casos, pode apresentar sintomas como: síndrome de desconexão cerebral, cefaléia, hemiparesia, hipotonia, convulsões, retardo no desenvolvimento psicomotor, podendo existir um déficit mental variável dependendo da extensão da agenesia e da associação com outras lesões. Pessoas com agenesia de corpo caloso podem apresentar falta de coordenação entre as atividades dos dois hemisférios cerebrais pela inexistência das fibras que os ligam. Dentre as possíveis causas para essa má-formação encontram-se a associação com síndromes genéticas, erros inatos do metabolismo, exposição fetal a fatores tóxicos e isquemias.

Por Renan Guedes

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEFININDO CLÔNUS

O clônus é uma contração muscular reflexa produzida por uma extensão brusca do tendão de um determinado músculo, ocorrendo devido a uma exaltação da atividade reflexa miotática, a qual é decorrente de desequilíbrios entre os sistemas facilitador e inibidor provocados por lesões da via piramidal. Os centros cerebrais superiores, incluindo o feixe piramidal, parecem ter ação frenadora sobre o clônus. O vídeo abaixo mostra claramento o clônus.




Por Renan Guedes

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MEU DERRAME DE PERCEPÇÃO

Os vídeos abaixo são a palestra da Dra. Jill Bolt Taylor intitulada Meu Derrame de Percepção (My Stroke of Insight), na qual a palestrante descreve a sua experiência após o acometimento por um AVE hemorrágico. Apesar de algumas opiniões da Dra. Taylor fazerem muitos neurocientistas rangerem os dentes, a palestra possui uma boa essência e nos dá uma descrição valiosa de como é a sensação de ser acometido por um AVE.








Por Renan Guedes

domingo, 1 de agosto de 2010

SUPER DIDÁTICO

Esse video mostra de maneira didática como ocorre o AVE isquêmico, mas é óbvio que a fisiopatologia e os mecanismos de acometimento são bem mais complexos.




Por Renan Guedes

sábado, 31 de julho de 2010

VALE A INDICAÇÃO (3): ESCALA ESPECÍFICA DE QUALIDADE DE VIDA NO AVE

A OMS define Qualidade de Vida como sendo a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, dentro de seu contexto cultural e em relação a seus objetivos, expectativas e padrões sociais, mas vale destacar que ainda não existe uma definição consensual para o termo. Conceituações a parte, é inegável que a meta final da fisioterapia é melhorar a qualidade de vida daqueles que recebem algum atendimento fisioterapêutico. Logo, faz-se necessário a utilização de instrumentos que mensurem a qualidade de vida dos indivíduos, podendo-se, assim, avaliar as repercussões dos procedimentos terapêuticos aplicados na qualidade de vida dos nossos pacientes.

Por isso, gostaria de indicar a Escala Específica de Qualidade de Vida no AVE (EQVE-AVE). A EQVE-AVE é composta de 49 itens distribuídos em doze domínios, apresentando três possibilidades de repostas desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco. Para cada domínio utiliza-se uma opção de resposta, sendo que a opção de concordância ou discordância será utilizada para os domínios energia, papéis familiares, humor, personalidade e papéis sociais. Nos domínios de linguagem, mobilidade, memória/concentração, função da extremidade superior, visão e trabalho/produtividade, a opção de resposta, dificuldade na realização de tarefa deve ser utilizada, já a opção quantidade de ajuda necessária é utilizada na pontuação dos itens do domínio auto-cuidado. Em minha opinião, o grande diferencial da escala é sua especificidade, uma vez que é direcionada as particularidades e domínios mais afetados pelos pacientes após AVE.

Para os mais curiosos, indico a leitura da dissertação de Mansueto Gomes Neto intitulada Aplicação da Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) em hemiplégicos Agudos: Propriedades Psicométricas e sua Correlação com a Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde.

Vale a indicação!!!

Por Renan Guedes

quinta-feira, 29 de julho de 2010

EXCITOTOXICIDADE GLUTAMATÉRGICA


O Ácido Glutâmico ou Glutamato é um dos aminoácidos codificados pelo código genético, atuando como neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, sendo o mais comum em mamíferos. O impulso nervoso causa a libertação de glutamato no neurônio pré-sináptico. Na célula pós-sináptica, existem receptores que ligam o glutamato e se ativam. Pensa-se que o glutamato esteja envolvido em funções cognitivas no cérebro, como a aprendizagem e a memória.

Após uma isquemia cerebral, as concentrações de glutamato no fluido cérebro-espinhal aumentam em poucos minutos. Cerca de 1 a cada 100 neurônios da zona de “penumbra”, envolvendo a zona focal enfartada, estão ainda oxigenados, porém seus receptores estão permanentemente ativados pelo glutamato que vaza do foco isquêmico. Similarmente, após a reperfusão seguinte à isquemia global, os neurônios são banhados em altas concentrações de glutamato suficiente para ativar seus receptores. Receptores tipo N-Metil-D-Aspartato (NMDA) são uma subclasse de receptores de glutamato que desempenham uma função essencial na aquisição de memória e permitem a entrada de sódio e cálcio no neurônio. Uma vez que gradientes de sódio transmembrana são necessários para direcionarem a reacumulação de glutamato para o interior da célula, e que a ativação do receptor NMDA dissipa este gradiente, o glutamato extracelular pode resultar em uma ativação crônica do receptor do tipo NMDA e um extensivo carregamento de cálcio no neurônio. Tal carregamento de cálcio para matriz celular inicia um aumento na geração de espécies reativas de oxigênio que levam à morte celular. Tal processo é conhecido como excitotoxidade glutamatérgica.

P.S. A imagem foi retirada do site http://cefaleias.com.br.

Por Renan Guedes


terça-feira, 27 de julho de 2010

DEFININDO ESPASTICIDADE

Antes de falar da espasticidade, conforme o título propõe, gostaria de explicar essa postagem. Recebi alguns emails pedindo posts apenas com definições de temas relacionados. De início, não achei uma boa idéia, por acreditar que seria extremamente superficial realizar apenas conceituações, mas acabei por ceder ao argumento que disse que é comum, em várias pessoas, a dificuldade de elaborar definições, sendo a partir daí que surge o famoso “sei, só não sei explicar”. Acredito que isso, na maioria dos casos, seja apenas conseqüência de leituras desatentas. Independentemente de tudo, vamos à primeira definição.

A espasticidade é definida como um estado de potencialização pré-sináptica dos neurônios motores alfa e gama. Essa potencialização seria mantida por um desequilíbrio entre as influências dos sistemas facilitador e inibidor, devido à lesão do sistema piramidal e conseqüente liberação de vias acessórias ao movimento (sistema extrapiramidal). Esse desequilíbrio conduziria à hiperatividade do sistema gama que por sua vez potencializaria a atividade alfamotora, aumentando o tônus.

No AVE, predomina nos músculos flexores dos membros superiores, com postura em adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, pronação do antebraço e flexão dos dedos; e nos músculos extensores dos membros inferiores, com extensão e rotação interna do quadril, extensão do joelho, flexão plantar e inversão do pé, e, se não tratada corretamente, pode levar a encurtamentos, contraturas, deformidades, subluxações, capsulites, síndrome do impacto, neuropatia, tendinite bicipital, limitação da amplitude de movimento, lesão de partes moles e dor; dificultando, assim, o processo de reabilitação dos indivíduos acometidos.

Não poderia deixar de lembrar que existe uma linha de pesquisa que diz que na fisiopatologia da espasticidade não existe nenhum componente do sistema nervoso central envolvido. Na minha opinião, a definição descrita ainda é a que melhor se aplica a essa hipertonia típica do AVE.

Por Renan Guedes

domingo, 25 de julho de 2010

FOI NOTÍCIA: MINI-STROKE VICTIMS 'MISS OUT ON VITAL CARE'


No último dia 21 de julho, saiu no site inglês BBC uma reportagem intitulada Mini-stroke victims 'miss out on vital care', de autoria do repórter Nick Triggle. Em seu texto, Nick torna pública uma auditoria realizada pelo The Royal College of Physicians and Vascular Society, que concluiu que a maioria dos pacientes com alto risco de acometimento por AVE não recebem o tratamento específico que necessitam. A auditoria avaliou 3000 pacientes que tiveram um Acidente Isquêmico Transitório (Mini-stroke) e observaram que apenas um terço realizou uma arterectomia da carótida para desobstrução de artérias, procedimento cirúrgico que pode evitar um a cada cinco acometimentos por AVE, evitando 500 mortes por ano. A reportagem trás ainda uma declaração de Nikki Hill, da Stroke Association, que afirmou que falta um longo caminho para que os indivíduos recebam um atendimento preventivo adequado.

Bem, não queria discutir, com este post, o quão devastador é o AVE no mundo, nem muito menos a eficácia da técnica cirúrgica descrita na reportagem, deixemos isso para um próximo. Gostaria de atentar para o fato que enquanto discutimos a melhor terapêutica para tratamento do AVE e de suas seqüelas, outros países, à exemplo da Inglaterra, discutem os procedimentos e programas de prevenção desta doença cerebrovascular. Queria deixar claro que não estou dizendo que não é importante discutir a terapêutica, até porque isso se faz necessário para encontrarmos a terapêutica mais eficaz no tratamento do AVE, mas devemos discutir o tratamento e a prevenção na mesma intensidade, caso contrário estaremos andando em círculos. É preciso rever conceitos!!!


Para ler a reportagem na íntegra clique aqui.

P.S. A foto foi retirada da própria reportagem.

Por Renan Guedes

sábado, 24 de julho de 2010

VALE A INDICAÇÃO (2)

O processo de reabilitação de um paciente com sequelas de AVE é, na maioria das vezes, um grande desafio, uma vez que temos que minimizar o impacto da patologia e aumentar a recuperação funcional do indivíduo acometido. Para fazermos o planejamento, evolução e modificação de um programa fisioterapêutico, faz-se necessário realizar avaliações acuradas. Por isso, gostaria de indicar a Motor Assessment Scale for Stroke (MAS), ou Escala de Avaliação Motora para AVE como alguns preferem.

A MAS, desenvolvida por Janet Carr em 1985, possui o objetivo de testar as intervenções realizadas nos indivíduos acometidos por AVE. Originalmente, a escala possui 9 itens, são eles: rolar de decúbito dorsal para decúbito lateral sobre o lado bom (item 1), passar de decúbito dorsal para sentado à beira do leito (item 2), equilíbrio sentado (item 3), passar de sentado para em pé (item 4), marcha (item 5), função de membro superior (item 6), movimentos da mão (item 7), atividades finas da mão (item 8) e tônus muscular (item 9). Em 1998, a escala foi modificada, omitindo-se o item tônus muscular, o qual é pouco confiável, ficando, a escala, com os 8 primeiros itens. Cada item é pontuado de zero a seis. A escala é de rápida aplicação (10 a 15 minutos), tem confiabilidade testagem-retestagem e de interavaliação.

Particularmente, acho a MAS uma ótima escala para acompanhamento da evolução de pacientes pós-AVE, sendo de grande utilidade tanto nas pesquisas longitudinais quanto nas transversais. Na prática clínica, devido a sua sensibilidade, a MAS pode ser utilizada como meio de estabelecer o ingresso do paciente a reabilitação e a melhor prática clínica a ser desenvolvida.

Para os mais curiosos que desejam conhecer um pouco mais sobre esta escala, deixo a referência de dois artigos (abaixo). O primeiro, em inglês, é o original de 1985 e o segundo, em português, trás uma versão traduzida. Os dois artigos têm livre acesso, basta apenas colocar seus nomes no senhor que tudo sabe (google).

Vale a indicação!!!

Referências:

CARR, J. H. et al. Investigation of a new motor assessment scale for stroke patients. Physical Therapy. 1985; 65(2): 175-80.

CONTE, A. L. F. et al. Confiabilidade, compreensão e aceitação da versão em português da Motor Assessment Scale em pacientes com acidente vascular encefálico. Revista Brasileira de Fisioterapia. 2009; 13(5): 405-11.


Por Renan Guedes

domingo, 18 de julho de 2010

ABRE ASPAS

Este blog tem por objetivo principal discutir temas relacionados à Fisioterapia Neurofuncional, mas gostaria de abrir aspas para tratar de um outro assunto. Nas últimas semanas tenho acompanhado dia após dia a situação de calamidade vivenciada pelas populações dos estados de Alagoas e Pernambuco atingidas pelas chuvas. Por isso, não poderia deixar de parabenizar todos aqueles que, de alguma forma, foram solidários e ajudaram a amenizar o caos deixado pelas águas. É impossível não se comover diante de uma tragédia que deixou milhares de pessoas sem moradias, sem acesso à serviços de saúde adequados, à alimentação, à educação, em resumo, sem condições dignas de vida. Mesmo comovido com a situação e indignado com alguns politiqueiros que se aproveitam da mesma, fico feliz diante da disposição dos brasileiros em ajudar.

Mas, gostaria de fazer uma pergunta: Será que apenas os povos atingidos pelas chuvas estão vivendo sem condições dignas? Nas últimas semanas, foi divulgado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), no qual a Paraíba obteve 3,9 para as séries iniciais, 3,2 para as séries finais e 3,4 para o ensino médio, estando abaixo, em todos os índices, da meta nacional, meta esta que está muito abaixo das de outros países. Além de não ter uma educação básica de qualidade, a Paraíba possui cerca de 20% de analfabetismo, ou seja, cerca de 688.000 paraibanos não podem ler este texto.

Tornou-se público, ainda, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea), que divulgou que o índice de desigualdade da Paraíba é 0,58, a segunda pior distribuição de renda do país. Ainda segundo o instituto cerca de 50% dos paraibanos vivem até com meio salário mínimo. O Ipea afirmou, ainda, que o índice de pobreza extrema da Paraíba foi de 23%, isso equivale a cerca de 792.000 paraibanos vivendo na miséria nesse exato momento.

Bem, descrevi apenas alguns dados do meu estado, a Paraíba, mas vale ressaltar que ele não é o único, muitas outros vivenciam situação igual ou pior de calamidade, que se estende para outros setores, como o da saúde, que prefiro nem comentar. Por isso, faz-se necessário manter o espírito de solidariedade e enxergarmos que para vivenciarmos o caos não é preciso ir longe, basta apenas dá uma olhada ao nosso redor. Sejamos cidadãos, cumpramos com o nosso dever social, não apenas em um dia do ano mas em todos. É tempo de refletir!!!!


Por Renan Guedes

sábado, 17 de julho de 2010

VALE A INDICAÇÃO



No ano de 2010, o Centro de Estudos Avançados em Hemiplegia adotou o livro HEMIPLEGIA de Patrícia Davies (figura) para discussão em suas reuniões teóricas, de forma que a cada encontro abordamos um capítulo do livro.
Por isso, não poderia deixar de indicá-lo. Trata-se de uma obra indispensável para aqueles que atuam na reabilitação de pacientes acometidos por lesões cerebrais. Poderia aqui citar várias características ímpares presentes nas 636 páginas do livro, mas em se tratando de tal obra de Patrícia Davies seria pouco.
Mas deixo claro que não estou aqui venerando a autora, mas apenas reconhecendo um belíssimo trabalho. Queria ainda que todos ao lerem este ou outro livro qualquer lembrassem das palavras de Pirsig, que disse:

"Quando se lê uma obra nova ou quando se ouve alguém com aparente autoridade falar, é preciso ter consciência de que tudo pode soar como se DEUS ESTIVESSE FALANDO PARA ETERNIDADE, mas na realidade se trata APENAS DE UM HOMEM QUE FALA EM UM MOMENTO QUALQUER, EM UM LUGAR QUALQUER, SOB QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS."

Por isso abramos os olhos, sejamos críticos, analisemos a nossa realidade e lembremos que não existe verdade absoluta, ou existe?

Fica aqui a indicação.

Por Renan Guedes

sexta-feira, 16 de abril de 2010

UEPB É PIONEIRA NO NORDESTE AO ADQUIRIR ESTIMULADOR MAGNÉTICO TRANSCRANIANO


Dentre as universidades do Nordeste, a Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, será a primeira a adquirir o ESTIMULADOR MAGNÉTICO TRANSCRANIANO, (Transcranial Magnetic Stimulation — TMS), moderno equipamento, de procedência russa, para tratamento de uma série de doenças, como depressão, mal de Alzhaimer e mal de Parkinson, colocando-a num patamar de pesquisas e tratamentos comparativamente com outras Universidades de renome nacional como a UNB e USP.

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMTr) é uma técnica de abordagem e tratamento de desordens neuropsiquiátricas que permite a exploração, ativação ou inibição das funções cerebrais, de maneira segura, específica, não invasiva e indolor. Introduzida por Barker, em 1985, o método consiste em atingir o cérebro de forma dirigida, através de pulsos magnéticos sobre o crânio, os quais, atravessando os tecidos, geram uma fraca corrente elétrica capaz de provocar alterações na atividade das células nervosas. Quando uma determinada região do córtex cerebral é estimulada, a área motora, por exemplo, os músculos do corpo referentes àquela região apresentam sinais elétricos ou movimentos perceptíveis, podendo-se assim “mapear” o cérebro através das respostas fisiológicas resultantes da estimulação magnética. Dependendo da freqüência, a estimulação repetitiva pode produzir ativação ou inibição da excitabilidade cortical.

A EMTr vem sendo utilizada há 20 anos para diversos fins, principalmente em neurologia (investigação neurofuncional, estudo das funções cognitivas, diagnóstico da transmissão nervosa) e há 10 anos no campo da psiquiatria, no tratamento da depressão.

Também usada para tratamento da epilepsia, esclerose múltipla, Acidente Vascular encefálico, etc. É um método inóquo que pode ser utilizado com segurança em situações clínicas específicas. Hoje, temos no Brasil grandes Neurocientistas trabalhando com essa técnica, como Dr. Joaquim Pereira Brasil Neto e Dr. Allan Nasser (UNB), Dra Kate Valente, Dra. Adriana Conforto e Dr. Marco Marcolin (USP) e Dr. Felipe Fregni (Havard), bem como, três Fisioterapeutas, a Dra. Doralúcia Pedrosa de Araújo (UEPB), Dra. Karine Monte (UFPE) e Dra. Cláudia Guimarães (Goiania).

Assim sendo, o Departamento de Fisioterapia da UEPB obtêm o aparelho com a criação do Laboratório de Neurociências, contando com os professores Médicos e Fisioterapeutas, fazendo intervenção em pacientes neurológicos e psiquiátricos. Este laboratório será coordenado pela professora Dra. Doralúcia Pedrosa de Araújo que fez Doutorado com tese nessa área.

Por Profa. Dra. Doralúcia Pedrosa de Araújo